No primeiro encontro de Vasco da Gama com o rei de Calicute, Vasco teve o cuidado de não entregar suas credencias, reservando o ato para um segundo encontro, muito mais pomposo.
Dado o avançado da noite, a audiência foi encerrada.
Vasco da Gama se reuniu com os companheiros, a fim de colocá-los ao par dos entendimentos.
Concluída a reunião, a comitiva iniciou a caminhada de volta, sempre acompanhada pela multidão que, não obstante a forte chuva que inundava a cidade, não desistia de acompanha-los.
Exausto e ao mesmo tempo exultante, o capitão-mor acabou adormecendo no início da manhã seguinte, em uma pousada improvisada no caminho.
Ao acordar foi surpreendido pelo intendente de Calicute que, cumprindo a praxe vigente, queria receber os presentes destinados à Sua Majestade, o rei de Calicute.
Segundo o costume do Oriente, este seria o momento em que o rei de Portugal demonstraria seu propósito de amizade, presenteando o rajá com riquíssimos presentes.
Ao ser atendido, o intendente ficou espantado, e ao mesmo tempo indignado com o ridículo dos "presentes" enviados por D. Manuel: seis chapéus, quatro colares de coral, uma caixa de açúcar, um tonel de azeite rançoso, um tonel de mel, seis bacias de bronze, algumas taças e outras quinquilharias. O emissário do rei se recusou receber tais "presentes", alegando que eles eram indignos do mais pobre mercador de Calicute.
Vasco da Gama tentou contornar a situação, dizendo que aqueles presentes eram os seus. Os do rei de Portugal seriam outros. Tinham ficado em Lisboa à espera de uma rota mais segura para a Índia.
Agora, com o caminho por ele descoberto, os presentes reais poderiam ser embarcados com segurança.
Propôs explicar isto ao rei, mas nada, absolutamente nada, afastou o mal-estar.
Estava criado o primeiro incidente diplomático
com a Índia.
Comments